01 setembro 2010

Entrevista com o timoneiro Sérgio Nunes

O Sérgio Nunes enquanto que jogador, teve a sua formação no Académico de Viseu, ao qual regressou à dois anos para comandar os juniores academistas. É um treinador exigente, frontal e que conseguiu superar as muitas dificuldades e levar os juniores academistas a lutarem até ao último jogo pela conquista do título do seu escalão, contra o Cinfães.

Em poucas palavras, como pudemos definir o Sérgio Nunes como treinador e pessoa?
Como treinador sempre exigente, rigoroso mas amigo dos jogadores.
Como pessoa deixo avaliação para os amigos…

O que mais gosta de fazer nos tempos livres?
Viajar sempre que posso, estar com amigos, praticar e ver desporto.

Se lhe dessem o dom de mudar algo o que farias?
Nunca deixaria acabar o nosso Clube ACADÉMICO de Futebol que tantas alegrias deu á cidade, com uma história tão rica e cuja camisola vesti com grande honra.
Salientar excelente trabalho do blog “ Magia do Futebol” ao recordar grandes jogatanas que todos relembramos com muita saudade

Tv ou cinema?
TV por falta de tempo para o cinema

O que para ti é mesmo difícil de resistir?
Um bom jogo de futebol em qualquer Estádio do País em especial no do meu Sporting.

Um ídolo?
Admiro algumas pessoas, ídolos só os meus pais pela educação e valores que me transmitiram

Depois do particular o profissional
Qual o percurso feito pelo Sérgio Nunes a nível de jogador e treinador?
Como Jogador fiz o percurso todo nas camadas jovens do nosso académico, inclusive o 1º ano de sénior tendo depois jogado em alguns clubes da região.
Acabei de jogar com 26 anos tendo começado logo uma carreira de treinador que já leva 15 anos de bons momentos.

Como foi a passagem de jogador para treinador? Quais as diferenças mais notórias?
As principais diferenças são a responsabilidade e o rigor que é necessário transmitir.

Depois de treinar camadas seniores, como foi o convite para treinar as camadas jovens academistas?
Vindo de um futebol sénior onde a pressão é maior, entendi descansar um pouco dessa situação, apostando em poder ajudar a formar jogadores, função tão importante num clube e o convite do Académico pensava tratar-se de um projecto onde se apostasse a sério na formação, mas o que constato é que a aposta continua nos jogadores vindos de fora…

Quais as diferenças mais marcantes entres estes dois mundos - Jovens e seniores?
Treinar jovens é cada vez mais complicado pois o futebol é trabalho, sofrimento e os jovens de agora não querem sofrer e quando metemos rigor e disciplina no trabalho corremos o risco de ficar sem jogadores, mas terá sempre de ser assim pois FORMAÇÃO não é recreio e terá de se preparar os jovens para a Vida e para o Futebol Sénior e as duas situações são cada vez mais complicadas onde só os mais bem preparados terão sucesso.

Após um primeiro ano onde não se conseguiu chegar à fase final, neste ano o mesmo desidrato foi conseguido. Como foi lutar até aos últimos minutos por um título?
Treinei sempre a equipa para em qualquer campo jogar para ganhar, este ano isso aconteceu mais vezes pois a equipa tinha mais soluções, tendo no entanto que nos socorrermos dos juvenis para termos jogadores suficientes, no entanto e apesar das dificuldades os rapazes estão de parabéns pois lutámos até ao último minuto pelo título que não foi possível – parabéns ao Cinfães.

O que faltou para se conseguir este campeonato?
Faltou estabilidade ao grupo na parte decisiva da fase final, pois tivemos problemas que não conseguimos resolver fruto da falta de soluções e da relativa dependência de alguns jogadores que se apresentaram muito mal na fase final, no entanto mérito do Cinfães que esteve forte e que acaba por ser um justo vencedor.

Qual foi a sensação no final do campeonato ao perder o mesmo no último jogo. Frustração, orgulho pelo trabalho realizado, ou algum outro sentimento?
Alguma frustração mas também a sensação de dever cumprido, pois com os recursos e apoios que tivemos que foram muito fracos todos nós demos o máximo e quando é assim e não se consegue o objectivo só temos que dar os parabéns ao adversário

Ao início o plantel parecia curto, mas aos poucos este foi-se compondo e tornando-se mais coeso. Como foi essa evolução?
O plantel sempre foi curto, nunca tivemos mais de 18 jogadores, mas conseguimos integrar alguns juvenis nomeadamente o Fábio ( Maldini ), o Tiago ( Cafu ), o Micael, o Zé Henrique e outros que nos ajudaram muito e que tornaram a equipa mais forte. Obrigado a eles todos!

Tendo vivido por dentro a realidade das camadas jovens academistas, o que deve mudar ou melhorar?
Tem que se começar sempre pelas bases e sem campos para treinar como evoluir?
Ninguém compreende como era possível nós ( e as outras equipas igual ) termos 2 treinos semanais de 1h 15m, cronometrados ao segundo pois ainda estamos a treinar e já está uma equipa pronta a entrar!! Não se podem querer resultados desportivos com estas condições, além da falta de directores para puder buscar ou levar jogadores. As outras equipas fazem esse trabalho e proporcionam muito melhores condições aos miúdos.
Tem que se canalizar forças e recursos para as camadas jovens do Académico ou ninguém vem para o clube. No meu tempo havia 50 jogadores a treinar para escolher os melhores, agora não se consegue fazer um plantel de 20, melhores ou piores. Porque será??

No acompanhamento que fui fazendo do campeonato, senti a falta de apoio dos directores às camadas jovens? Como timoneiro de uma equipa o que acha disso?
Directores não há, só existe um que é o ENORME Sr. Neves, que com 85 anos!! andou com a equipa ás costas e que nada deixava faltar, transmitindo carinho e valores aos miúdos
Fizemos uma grande dupla que recordarei para sempre. Deus o conserve muitos anos!!

Porque acha que nos clubes portugueses e em especial no Académico de Viseu não se dá seguimento das camadas jovens na sua entrada para os seniores da equipa?
Primeiro porque os clubes portugueses e o Académico incluído estão com excesso de Euros na Tesouraria….Depois porque é preciso uma grande coragem e não ter medo de se apostar nos jovens que têm tanto ou mais valor que alguns jogadores que caem aí de pára-quedas, bem pagos com alojamento e comida por conta do Clube, que não fazem um golo a ninguém ou qualquer erro lhes é perdoado mas aos jogadores da formação não se contemplam erros e ao primeiro são logo dispensados vindo mais uma camioneta deles com valor mais que duvidoso.
Penso que deverá haver rigor e bom senso na gestão do dinheiro de todos nós, apostando sempre que possível em jogadores da região. Senão para quê o trabalho na formação? Mas para isso é preciso CORAGEM !!

E agora que futuro, para o Sérgio Nunes, se puder avançar é claro com novidades?
O futuro é o dia-a-dia, vou andar por aí, ligado ou não ao futebol, dependendo de algum projecto que possa aparecer mas sempre feliz pelos amigos que vou fazendo no futebol!

Uma palavra para os sócios, adeptos, direcção do Académico?
Desejo o melhor para o clube, mas que tenha uma visão diferente do Futebol, olhando e apoiando os jovens doutra maneira em que eles sintam o verdadeiro espírito e orgulho de ser Academista, devendo ser o garante do futuro do Clube.
Aos sócios e adeptos que não regateiem esforços no apoio ao Clube, pois o Académico é deles !!

Obrigado pela enorme disponibilidade para a realização da entrevista e obrigado por tudo e boa sorte para o futuro!

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