29 agosto 2007

Entrevista com Tó (ex atleta Académico de Viseu- actualmente no Social Lamas)

António Dinis Ferrão, nascido a 7 de Março de 1983, guarda-redes actual do Sátão com quem conquistou uma brilhante subida a 2 Divisão B, fez parte da sua escola nas camadas jovens do Académico o qual regressou este ano para comandar a equipa dos Juvenis.

Como surgiu o convite para comandar a equipa dos Juvenis?
O convite surge no seguimento do trabalho realizado nos 2 anos anteriores, na equipa de Juvenis, cooperando com o Prof. Raposo. Com a inclusão do Prof. na equipa sénior, fui convidado para ficar a treinar a equipa em conjunto com o Bruno, o Gabriel e o Luís, tendo sempre a colaboração por parte do Professor Raposo.

Foi um regresso a uma casa onde teve bons momentos. De qual se recorda mais?
Felizmente os bons momentos foram muitos. Para além dos títulos de campeão e das participações nos campeonatos nacionais, destaco as chamadas às selecções distritais e à selecção nacional de sub-15. As amizades que ainda hoje continuam, é algo que também nunca se esquece.

E algum momento para esquecer?
A forma com saí do clube, como jogador…

Como foi trabalhar directamente com o professor Raposo?
Muito fácil. Antes de mais é de salientar que o Prof. já tinha sido meu treinador no clube. Já conhecia a forma de trabalhar dele, assim como a maneira de lidar com as pessoas. Para mim tem sido uma experiência enriquecedora. O Prof. Raposo tem uma grande experiência no treino e na forma de lidar com os miúdos, facilitando a resolução de muitas situações que vão surgindo ao longo das épocas. Quero aproveitar para agradecer toda a colaboração que ele nos prestou ao longo do ano, tentando sempre o melhor para o grupo. É uma das pessoas que mais sente o clube e os seus resultados.

O que achou do campeonato realizado pelos jovens academistas?
Penso que poderíamos e deveríamos ter feito mais. No entanto, devido às dificuldades que tivemos ao longo do ano, percebe-se e aceita-se a classificação.

Após um bom começo a equipa teve a sua primeira derrota na 6 jornada e com isso começou uma fase menos boa. A que se deveu este momento negativo?
Depois de um bom começo, sentiu-se alguma descompressão, baixando os níveis competitivos da equipa. Deixámos de defender os princípios e a atitude que caracterizaram a equipa em muitos jogos e que tantos elogios obteve. Infelizmente depois da derrota de Molelos, talvez devido à menor experiência dos jogadores, à qual se juntaram alguns problemas disciplinares e lesões, atravessámos uma fase negativa que acabou por ser fatal para as aspirações do grupo. Foi um período de um mês em que as dúvidas se apoderaram dos jogadores, provocando 4 jogos muito negativos.

Após uma segunda volta onde não obteve nenhuma derrota chegou ainda a acreditar que era possível atingir a meta traçada?
É verdade. Mas infelizmente não foi possível. No entanto nunca deixámos de acreditar que era possível e tentámos tudo ate ao último jogo.

Para si qual foi o jogo fulcral para que a fase final não fosse atingida?
Penso que quando empatámos 0-0 com o V. Benfica na 2º volta. Se conseguíssemos a vitória nesse jogo, entrávamos na fase decisiva do campeonato muito próximos das equipas da frente, aumentando assim a pressão dos adversários directos que ainda tínhamos que receber em nossa casa. No entanto, tenho que dizer que todos os jogos que não ganhamos os 3 pontos, serviram para não conseguirmos os nossos objectivos.

O que correu menos bem para que não fosse atingida a fase final?
Foi um ano bastante complicado para este escalão. Perdemos vários atletas importantes do ano anterior, que nos permitiam dar um equilíbrio maior ao plantel em termos de idade, experiência e fundamentalmente em termos competitivos. Começámos a época apenas com 12 jogadores dos quais apenas 2 eram de 2º ano. Foi muito difícil formar um grupo equilibrado, uma vez que não foi possível ir buscar nenhum jogador de outro clube. No entanto, é de salientar que inscrevemos vários jogadores que nunca tinham jogado em qualquer clube que em conjunto com o grupo foram tendo uma evolução positiva. Infelizmente, também não foi possível num único jogo ter todos os jogadores disponíveis, tendo muitas vezes e quando possível, recorrer à equipa de iniciados. De qualquer forma, é de salientar a forma como os jogadores se bateram, ultrapassando estas dificuldades na maioria dos jogos e apesar de não termos conseguido o nosso objectivo desportivo, penso que em termos individuais foi um ano muito positivo para que os erros cometidos este ano não se voltem a repetir.

Com os prós e os contras que achou desta experiência de treinador?
Foi mais uma época que serviu para aprender e evoluir na forma de estar e pensar o jogo. Deu-me a oportunidade de analisar o jogo de futebol fora do campo, ao contrário do que estou mais habituado.

E agora o futuro? Tanto em termos de jogadores como treinador, pode-nos desvendar se vai continuar com esta faceta dupla para a próxima temporada?
Como jogador posso adiantar que vou regressar ao Social de Lamas, deixando o Sátão depois desta época em que conseguimos a proeza de subir à 2ª B. Pela primeira vez, e ao fim de muitos anos, vou jogar contra o Académico.
Como treinador, para já não posso adiantar muito, mas possivelmente não irei continuar com esta dupla tarefa. Penso que poderei, tal como em épocas anteriores, colaborar com o Prof. Raposo se for o caso.

Dos jogadores que viu alinhar durante o campeonato será possível definir para nós a sua equipa “de sonho”?
A minha equipa de sonho só pode ser aquela de que eu faço parte. (Risos)

Finalmente que diferenças nota do seu tempo de formação e agora no Académico?
A principal diferença é no recrutamento dos atletas. No meu tempo no início de cada época eram mais de 40 atletas a tentarem a sua sorte. Hoje em dia isso já não acontece. Cada vez mais os miúdos têm outros interesses para além do futebol, dificultando muitas vezes as suas opções. Para além desta, aponto claramente para as condições de trabalho que agora são melhores com as novas instalações do Fontelo. De resto, muito sinceramente, penso que está praticamente tudo na mesma, o que logicamente talvez não seja muito bom sinal.

Uma palavra final para os sócios, adeptos e leitores do blog das camadas jovens.
As minhas palavras vão especialmente para os apoiantes das camadas jovens. Espero que continuem a apoiar cada vez mais o clube, ajudando e colaborando principalmente nos momentos difíceis, para que a formação do clube possa ser cada vez melhor.

O nosso muito obrigado pela ajuda que nos deu na realização desta entrevista e parabéns desde já pela brilhante subida que ajudou a protagonizar ao serviço do Sátão.

Um abraço
Jorge Sá

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